quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Agricultura amazônica pode chegar a 8.000 anos

Data obtida em sítio de Rondônia é uma das mais antigas da América

Indício vem da presença de terra preta, solo que surge em uso intenso da vegetação; obra de usina possibilita achado


Silva Júnior/Folhapress

Arqueólogo Eduardo Bespalez mostra pedaço de cerâmica decorada que acaba de ser desenterrado na ilha do Japó, no rio Madeira, perto de Porto Velho; sítio da ilha tem terra preta

REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO
O sítio arqueológico conhecido como Garbin não existe mais. Tragado pelas obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio (RO), em seu lugar ficará o vertedouro da barragem -uma espécie de válvula de escape da usina.
Antes que o sítio sumisse, porém, arqueólogos desenterraram ali sedimentos e artefatos que podem indicar que a agricultura na Amazônia foi "inventada" há uns 7.700 anos -uma das datas mais antigas do continente, e a mais velha do Brasil.
A pista de que a técnica foi dominada em época tão remota é indireta, mas forte. Trata-se da chamada terra preta (veja infográfico à direita), solo rico em matéria orgânica que, até onde se sabe, só surge com o acúmulo constante de dejetos de origem animal e vegetal, característico do uso intensivo desses recursos.
"Se não era agricultura propriamente dita, eles, no mínimo, estavam fazendo um manejo intenso dos recursos vegetais", diz o arqueólogo Renato Kipnis, sócio da empresa Scientia Consultoria Científica e um dos coordenadores do trabalho.

AO RESGATE
Kipnis e seus colegas andam zanzando para cima e para baixo da BR-364, perto de Porto Velho, desde 2008. Por lei, as compensações ligadas a uma usina do porte da de Santo Antônio, no rio Madeira, exigem o resgate de possíveis bens de interesse arqueológico que apareçam na construção. A empresa do arqueólogo venceu a licitação para fazer o serviço.
"Imagine só quando percebemos que os principais sítios estavam bem no canteiro da obra", brinca Ricardo Márcio Martins Alves, gerente de sustentabilidade da Santo Antônio Energia. "Mas logo conseguimos nos organizar para que o trabalho dos arqueólogos fosse feito."
A equipe da Scientia descobriu que, em paralelo com a rodovia moderna, corria uma hidrovia pré-histórica. A calha do Madeira na região está coalhada de sítios, que abrangem ambas as margens do rio e também as ilhas e pedrais (rochas de corredeiras) no meio do leito. Há gravuras rupestres, cerâmica decorada, artefatos de pedra e terra preta para dar e vender.
"O incomum é que no sítio Garbin havia terra preta associada a artefatos de pedra, e não a cerâmica", diz a arqueóloga gaúcha Silvana Zuse, que integra a equipe.
Vasculhar esses instrumentos em busca de restos vegetais microscópicos pode indicar o que, afinal, os moradores do Garbin cultivavam. A aposta mais óbvia: mandioca, a lavoura amazônica por excelência.
"É chato saber que vários sítios vão sumir. Mas, se não fosse pela obra, dificilmente teríamos tanta verba para trabalhar aqui", diz a geóloga Michelle Mayumi Tizuka.

O jornalista REINALDO JOSÉ LOPES viajou a convite da Santo Antônio Energia
Ideia de "mata virgem" passa por uma revisão
DO ENVIADO A PORTO VELHO

Se novos dados confirmarem a antiguidade da agricultura nativa na calha do Madeira, deve ganhar ainda mais força uma hipótese defendida por arqueólogos que trabalham na Amazônia.
Trata-se da ideia de que o termo "floresta virgem" pode ser profundamente enganoso. A mata seria, na verdade, uma "floresta cultural", manejada pelos indígenas ao longo de milhares de anos para que as espécies de seu interesse prosperassem.
Quem se embrenha na mata da ilha Dionísio, um dos locais estudados pela equipe da Scientia, não precisa de muito para crer na ideia.
Após caminhar por alguns minutos por uma floresta estonteamente diversa, onde nenhuma árvore é igual à vizinha, você parece cruzar os limites de um círculo invisível dentro do qual, de repente, uma única espécie reina.
É um urucurizal -como o nome diz, uma concentração da palmeira conhecida como urucuri. O fruto é comestível.
"Uns gostam, outros nem tanto. O pessoal come quando cai da árvore", conta Vanderlei Alves Santos, assistente de campo das escavações que, empolgado com o trabalho, enfrenta o vestibular para o curso de arqueologia da Universidade Federal de Rondônia no mês que vem.
"Há um debate grande se coisas como o urucurizal são naturais ou surgiram pelo manejo da floresta", diz Kipnis. "O risco é você criar uma espécie de viés de confirmação. Se procurar sinais de uma floresta antrópica [ou seja, gerada pelo homem] em locais onde sabidamente houve ocupação no passado, vai acabar achando, claro."
Uma ideia para contornar isso seria calcular a "assinatura" visual de certos tipos de árvore -as "culturais" e as de uma mata mais virgem, por exemplo- quando vista do espaço, via satélite. "Aí você poderia detectar as áreas e ir lá escavar para ver se há sítios mesmo", explica.
Em outra ilha, enquanto escava, o arqueólogo Eduardo Bespalez aponta uma enorme sumaúma, espécie de mata intacta. "Essa aí viu o pessoal dançando no terreiro", brinca. (RJL)

Plantio teria facilitado a expansão tupi
Área onde há indícios de agricultura também é considerada berço de povos que colonizariam litoral do país

Cultivo de mandioca tem forte elo com as tribos do grupo, mas evidências mais claras são difíceis de obter

DO ENVIADO A PORTO VELHO

"Tupi or not tupi" (tupi ou não tupi), brincava o poeta brasileiro Oswald de Andrade, parodiando o "to be or not to be" de Shakespeare. No caso das descobertas em Rondônia, a piada do autor modernista está estranhamente próxima da realidade.
Isso porque, ao que tudo indica, o Estado amazônico é considerado por muitos estudiosos como o provável berço da expansão tupi.
É ali que existe a maior diversidade de idiomas do tronco linguístico tupi -e os estudos mostram que essa diversidade só aparece com o tempo. Portanto, é um sinal claro de que os tupis estariam por lá há milênios.
Os povos que falavam idiomas tupis, porém, já tinham se espalhado por uma enorme área, alcançando todo o litoral do Brasil, na época do primeiro contato com os europeus. Seria possível identificá-los como os primeiros plantadores de mandioca do Brasil? Será que isso teria conferido a eles uma vantagem competitiva frente a seus rivais sem lavoura?
Ideias desse tipo ganharam força entre arqueólogos nas últimas décadas. Grosso modo, ocorre que, comparados a caçadores-coletores, povos de fazendeiros têm mais muque demográfico.
Conseguem produzir mais comida para alimentar mais gente no mesmo espaço -algo entre dez e cem vezes mais pessoas por hectare. Por isso, ganhariam a briga por expansão territorial, desalojando ou derrotando em combate seus rivais não-agrícolas.
"Não há dúvida de que há um elo muito forte entre os tupis e o cultivo da mandioca, até do ponto de vista dos mitos sobre a planta que são importantes para eles", diz o arqueólogo Eduardo Bespalez, que tenta relacionar o registro dos sítios com os povos indígenas atuais.
"Encontramos por aqui a cerâmica da chamada tradição policrômica da Amazônia. É comum ela ser associada aos grupos tupis, embora povos sem relação com eles também a tenham produzido", adverte o pesquisador.
Renato Kipnis vê com interesse um possível elo entre avanço demográfico e agricultura, mas diz que os modelos a esse respeito podem acabar sendo simplistas.
"Uma coisa que notamos, com base no próprio sítio Garbin e em outros locais, foram datações em torno de 5.000 anos, as mais antigas depois da de 7.700 anos", conta ele. "O curioso é que essa idade é uma das estimadas para a divergência inicial das línguas do tronco tupi. É uma possibilidade a explorar", afirma o arqueólogo.

PRESERVAÇÃO
Segundo a Santo Antônio Energia, a Universidade Federal de Rondônia terá apoio para montar um acervo preservando os achados dos sítios arqueológicos que foram -ou serão- destruídos pela usina. Outras áreas de escavação, que não serão diretamente afetadas, podem virar áreas de estudo permanente.
(REINALDO JOSÉ LOPES)

FRASE

"As obras [da Usina Hidrelétrica Santo Antônio] impressionam pelas alterações no ambiente. Mas elas podem ser vistas como a consequência da intensificação do uso dos recursos por parte dos primeiros agricultores lá atrás"
RENATO KIPNIS
arqueólogo e sócio da empresa Scientia Consultoria Científica

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sistema agrícola do Rio Negro é reconhecido como patrimônio cultural pelo Iphan



O ritual yaokwa dos índios enawenê nawê, de Mato Grosso, que também se tornou patrimônio cultural

Em novembro o Conselho Consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) reconheceu, por unanimidade, o sistema agrícola do Rio Negro como patrimônio cultural brasileiro. O bem será registrado no Livro dos Modos de Fazer e o instituto deve apoiar a elaboração e implementação de um Plano de Salvaguarda.

A proposta de registro do sistema agrícola como patrimônio foi inicialmente feita pela Associação das Comunidades do Médio Rio Negro (Acimrn), com sede em Santa Isabel do Rio Negro e posteriormente a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e a Associação Indígena de Barcelos (Asiba) incorporaram-se ao processo.
O sistema agrícola do Rio Negro é entendido como um conjunto de saberes e modos de transmissão de conhecimentos que se relacionam entre si, entre eles estão: a diversidade das plantas cultivadas, as técnicas de manejo da roça e dos quintais (os espaços de cultivo), o sistema alimentar (as receitas e processos de elaboração dos produtos da roça), os utensílios de processamento e armazenamento, ou seja, a cultura material e, por fim, a conformação de redes sociais de troca de plantas e conhecimentos associados. O cultivo da mandioca brava (Manihot esculenta), por meio da técnica de coivara e da rede de troca de saberes e plantas, é a base desse sistema, compartilhado por mais de 20 povos indígenas, os quais vivem ao longo do Rio Negro, em um território que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, noroeste amazônico, até as fronteiras com a Colômbia e a Venezuela.
Neste sistema os utensílios de processamento da massa de mandioca e os cultivares são considerados seres com atributos semelhantes aos dos humanos com sentimentos e sociabilidade. Não se trata de um repertório de artefatos passivo, o forno de torrar a farinha, por exemplo, “sabe” se ela vai ficar boa ou não. As mandiocas se comunicam entre si e com as mulheres, que são as donas das roças. Estas características orientam a gestão do uso e produção destes bens compondo um aspecto do valor patrimonial do sistema.
Para saber mais sobre o Sistema Agrícola do Rio Negro e seu processo de registro como patrimônio clique aqui e aqui


Unanimidade entre os conselheiros do Iphan
Dos 24 conselheiros do Conselho Consultivo do instituto, 14 deles estiveram presentes em 5 de novembro e todos votaram pelo reconhecimento do sistema agrícola como Patrimônio Cultural Brasileiro. O relator do processo foi o antropólogo Roque de Barros Laraia, que elogiou o dossiê de suporte do registro. Laraia ressaltou que o texto do dossiê equaciona bem a complexidade do bem como um sistema, o que se apresenta como novidade nos processos de registro de bens imaterias do Iphan. O antropólogo salientou o trabalho primoroso da botânica Laure Emperaire, do Institut pour la Recherche et Development (IRD) e pesquisadora associada do ISA, em evidenciar a diversidade das plantas cultivadas, em especial da mandioca.


Conselheiros votam no Palácio Gustavo Capanema, sede do Iphan no Rio de Janeiro



Jurema Souza Machado, arquiteta da Unesco e uma das conselheiras destacou que um dos riscos que ameaçam a atualização do sistema agrícola do Rio Negro relaciona-se ao fato de a juventude não se identificar com a atividade de fazer roça, atribuindo a ela uma imagem de atraso e de trabalho árduo. O relator, Roque Laraia, argumentou que o dossiê explicita esta preocupação e indica algumas possibilidades e iniciativas para aproximar a juventude.
Segurança alimentar e estratégias de salvaguarda
Durante o processo de formulação do dossiê e registro do sistema agrícola como patrimônio o ISA, o projeto de pesquisa Pacta (Populações, Agrobiodiversidade e Conhecimentos Tradicionais Associados/Unicamp-CNPq e IRD) e o próprio Iphan apoiaram a Acimrn e a Foirn na realização de encontros sobre patrimonialização, divulgação do processo de registro e levantamentos participativos acerca de iniciativas desejadas para a salvaguarda do bem. Com estas consultas, tornou-se patente a preocupação dos povos indígenas com a desvalorização de seus modos de vida, especialmente, em relação a transmissão de conhecimentos xamânicos, benzimentos e rituais, bem como, sobre as técnicas de tecer os utensílios e de processar os alimentos. A segurança alimentar, garantida pela base da diversidade de receitas e plantas cultivadas, também foi destacada como uma das preocupações nestes fóruns de discussão.
Desta forma, entre as ações de salvaguarda previstas no dossiê estão: a) mobilização de jovens indígenas para pesquisas e registros de audiovisual sobre o modo de fazer roça de antigamente, o atual e do futuro, sobre benzimentos e mitos de origem das plantas; b) valorização dos dabucuris (rituais de trocas de bens) e c) fomento a realização de feiras e outras modalidades de escoamento e valorização do produto regional.
Vale lembrar ainda que entre os dias 4 e 5 de novembro, o Conselho reconheceu outros cinco bens como Patrimônio Cultural Brasileiro: 1) Encontro das Águas do Rio Negro e Solimões, no Amazonas; 2) o ritual Yaokwa, dos índios Enawenê Nawê, que vivem na zona de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, em Mato Grosso; 3) o conjunto urbanístico e paisagístico da cidade de São Félix, na Bahia; 4) o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, no Rio de Janeiro; 5) o conjunto histórico e paisagístico de Santa Tereza, no Rio Grande do Sul.

http://www.socioambiental.org/noticias/nsa/detalhe?id=3227

O QUE VOCÊ COME PODE SALVAR O PLANETA!


 (clique na imagem para ampliar)

ALUNOS DA ESCOLA JOHN KENNEDY APRESENTAM EM MOSTRA CULTURAL OS DANOS CAUSADOS PELO CONSUMO DE CARNE BOVINA

No último dia 30 de novembro, os alunos da Escola John Kennedy apresentaram os estudos realizados durante o anos letivo sobre a Biodiversidade, em virtude deste ano ter sido dedicado a esta temática.

Dentre vários assuntos concernentes à Biodiversidade, foi discutido a questão alimentar, que tem impacto direto na saúde humana e no meio ambiente de forma geral. Alimentos orgânicos e alimentação alternativa foram o carro-chefe das turmas de 4ª séries.

Duas polêmicas fizeram parte da culminância destas turmas: transgênicos e consumo de carne bovina.

Um quadro bem esclarecer foi apresentado em forma de cartaz acerca do desmatamento provocado pelo crescimento desenfreado da pecuária no país, além do aumento do aquecimento do planeta, que recebe forte contribuição dos gases emitidos pelas fezes e pelo "arroto" dos bois e vacas. Não é piada. É isso mesmo que você leu.

Leia este artigo escrito pelo Biólogo Alexandre Berndt (USP) sobre esta questão e fique bem informado: (ESPERAMOS QUE, AO FINAL DESTA LEITURA, VOCÊ SINTA UM ENORME PESO NA CONSCIÊNCIA QUANDO ESTIVER DIANTE DAQUELE CHURRASQUINHO, E ENCONTRE ALTERNATIVAS ECOLOGICAMENTE CORRETAS PARA A DIVERSÃO DO FIM DE SEMANA!!)


Os gases emitidos pelos bovinos tem efeito devastador na atmosfera, por conterem metano dentre outros.

O grande problema enfrentado pela pecuária, além do desmatamento de novas áreas para implantação de sistemas agropecuários, é o metano liberado pelos bovinos na atmosfera. Para estudar essa questão, o Instituto de Zootecnia (IZ) de Nova Odessa desenvolve pesquisas cientificas mostrando os interesses da ciência brasileira em oferecer informações científicas para contrapor afirmações que são divulgadas na mídia sobre questões ambientais e oferece ainda tecnologia de suporte na área de pecuária de corte e leite.

Frente a falha de comunicação existente entre os diversos setores da cadeia produtiva da carne, nos deparamos com publicidades em internet, televisão e jornal que dissipam informações dos problemas enfrentados pela cadeia em diferentes países, sendo que nem sempre estas informações são relevantes e tecnicamente corretas. Algumas publicações falam sobre a quantidade de metano emitida pelos bovinos, supondo que a cadeia da carne é um perigo para o ambiente, protestando contra o consumo do alimento e utilizando os meios de comunicação como propaganda para inexpressivos grupos.

Se observarmos a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) de origem antrópica, a emissão de dióxido de carbono (CO2) causada pela poluição dos automóveis, de indústrias, desmatamento, queimadas e outros é quatro vezes maior que a de metano (CH4), produzida pelos bovinos.

Realmente os bovinos são eficientes na produção de metano, porém essa produção evoluiu com a espécie e é necessária para evitar a intoxicação do animal. Na agricultura são formados diversos gases colaboradores do efeito estufa como o óxido nitroso (N2O), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). A formação desses gases é ocasionada pela fermentação entérica (no rúmen), dejetos, respiração do solo, adubação com fertilizantes, desmatamento, queimadas e etc.



No mundo, as emissões de metano pela fermentação entérica de ruminantes contribuem com 22% (70 a 100 milhões t/ano) de todo o gás produzido pela humanidade através de outras atividades como o cultivo de arroz inundado, esgoto doméstico, aterros, queima de biomassa e mais. Já no Brasil, com o rebanho de 185 milhões de cabeças, há uma emissão de 9,4 milhões de ton CH4/ano, ou seja 2,5% de todo gás produzido mundialmente, porém o equivalente a 69% das emissões brasileiras de CH4.





Considerando a distribuição do rebanho pelo Brasil e que um bovino emite 56kg CH4/ano (valor default do IPCC), estima-se que todas as regiões do país contribuem com a emissão de metano dos bovinos, sendo o Centro-Oeste a região com maior representatividade em função do maior número de cabeças do rebanho. Esta estimativa é bastante grosseira pois cada região apresenta um perfil diferente de sistema de produção. O Estado de São Paulo, por exemplo, deixou de ser uma região de cria e recria, passando a concentrar esforços na etapa de terminação. Isto ocorreu em função do elevado custo da terra, da concorrência com culturas de cana-de-açúcar e eucalipto, da presença de subprodutos como fonte de alimento para confinamentos, ao grande parque frigorífico instalado e à proximidade com portos exportadores.



Muitos consumidores europeus, por exemplo, dão preferência por consumir os alimentos produzidos próximo de sua região, pela preservação de laços culturais e pela preocupação com as questões ambientais. Estes consumidores, entretanto, não levam em conta que para produção desse alimento (Ex: suínos), foram utilizadas matérias-primas (Ex:milho) de outros países, ou seja, os produtores das matérias-primas ficam com o ônus do equivalente carbono de suas emissões de carbono da lavoura sem transmitir este gasto para outras atividades. Se considerarmos o exemplo do milho produzido em Sorriso, Mato Grosso, que viaja 2.100 km de caminhão até o Porto de Paranaguá, Paraná; embarca num navio cargueiro que navega 10.000 km até o porto de Hamburgo na Alemanha; é transferido para um trem que viaja mais 200 km até Hannover, tradicional região alemã produtora de suínos; podemos imaginar qual a "pegada de carbono" (carbon footprint) deste alimento. Para tornar ainda mais crítica a situação, todo o esterco produzido pelas granjas de Hannover, não pode mais ser descartado em solo alemão, devido ao alto grau de eutrofização, devendo ser transportado de caminhão até a Polônia para descarte.



O fato é que o bovino é um ótimo aproveitador de celulose e hemicelulose e o metano é produzido naturalmente em seu organismo, através de microorganismos metanogênicos, que atuam na remoção do H+ produzido do rúmen do animal evitando intoxicação. Pensando nisso, diversas pesquisas são desenvolvidas para estudar estratégias de manejo nutricional e uso de aditivos visando a mitigação dessa emissão de metano.

Ferramentas estão sendo testadas para se manipular o rúmen e criar técnicas de manejo redutoras de emissão do gás. Exemplos delas são o uso de Ionóforos, Glicerol, Tanino, Saponinas, Óleos, Gorduras, Vacinas, Anticorpos Policlonais, técnicas de manejo de pastagens, melhoramento genético e sistemas eficientes de produção. Lembrando-se que essas ferramentas devem estar ligadas à sustentabilidade econômica do produtor. No futuro os produtores que se comprometerem com a sustentabilidade ambiental e utilizarem estratégias de mitigação poderão ser recompensados com créditos de carbono.

As pesquisas mostram que, intensificando-se os sistemas de produção pode-se reduzir a emissão entérica de CH4 por unidade de produto, no caso por kg de carne, mesmo que a emissão de N2O possa ser aumentada pelo uso de fertilizantes nitrogenados, seja para cultivo de grãos seja para adubação de pastagens. Esta redução da emissão por unidade de produto está principalmente relacionada ao melhor aproveitamento do alimento e à redução da idade de abate. A estimativa geral de balanço de gases é bastante complexa e demanda muita pesquisa, inclusive sobre sistemas mais eficientes de produção como silvipastoris e agrosilvipastoris em que se buscam um melhor aproveitamento dos gases emitidos pelas atividades.

A metodologia utilizada pelo Instituto de Zootecnia para determinar a emissão de metano entérico é a do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6) que consiste basicamente em uma cápsula dosadora do gás, colocação no animal de um conjunto coletor, como canga e cabresto, que absorve os gases expirados que posteriormente são analisados por cromatografia gasosa em laboratório especializado da EMBRAPA Meio Ambiente, em Jaguariúna.

Quanto a mitigação da quantidade de emissão de CH4 observamos que o valor default do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) é de 56kg CH4/ano. Essa unidade é usada como referência, porém para se ter uma melhor percepção do volume liberado por produto busca-se unidades mais reais como kg CH4 / kg de carne produzida ou kg CH4 / kg de equivalente carcaça produzida .

Diversos projetos de pesquisa têm apresentado resultados inferiores ao default do IPCC, usando a média emitida em kg CH4/ano, com relação a diferentes tipos de pastagem e suplementações nas dietas, entre eles:

Brachiaria brizantha(57kg/ano) > Feno de Leucena(51kg/ano) = Silagem de sorgo(51kg/ano) > Feno de Brachiaria brizantha(49kg/ano) > Uréia+Concentrado(22kg/ano).

Com isso, percebemos que quanto melhor a qualidade da dieta, menor é a emissão de CH4 em relação ao default do IPCC. No caso do uso de leguminosas, como a Leucena, além da fixação biológica de nitrogênio, elas têm o poder de afetar a microbiota ruminal e inibir as bactérias que produzem metano, aprimorando assim os sistemas de pastagem com esse tipo de planta e reduzindo as emissões. No último caso, usando uréia+concentrado, não foram considerados dados da emissão de CH4 proveniente da produção de grãos, mas fica claro que essa diminuição de aproximadamente 50% na emissão de metano é devida à menor ingestão de fibras pelo animal. É importante lembrar que para escolha do manejo adotado, vários fatores da propriedade devem ser levados em consideração, desde raça até sistema de produção.

Interessado em buscar novas tecnologias para melhorar a qualidade de produção, o Instituto de Zootecnia está com outras pesquisas em andamento:

Unidade de Recria e Engorda a Pasto: Série de ensaios para identificar estratégias de manejo de B. brizantha capazes de aumentar a eficiência do processo produtivo e uma consequente redução da emissão de metano por produto. (Figura 1)
Unidade de Fisiologia Digestiva de Ruminantes: Série de ensaios para identificar aditivos capazes de aumentar a eficiência do processo de digestão ruminal e uma consequente redução da emissão de metano em até 30%.(Figura 2)

Figura 1



Figura 2


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Alexandre Berndt é Biólogo formado pela USP/SP e Agrônomo pela ESALQ/USP. Possui mestrado em Ciência Animal e Pastagens e Doutorado em Ecologia de Agroecossistemas. Sua linha de pesquisa principal é emissão de metano pela pecuária nacional. Atualmente é pesquisador científico do Instituto de Zootecnia / APTA em Nova Odessa, SP.
Disponível em:
http://www.beefpoint.com.br/producao-de-metano-em-bovinos-e-sua-contribuicao-para-o-aquecimento-global-video-slides-e-artigo_noticia_57061_15_326_.aspx




quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PRESIDENTE LULA ASSINA DECRETO SOBRE EDUCAÇÃO NO CAMPO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina hoje (4) decreto sobre educação no campo e sobre o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). A cerimônia será às 17h30 no Palácio do Planalto. Começou nessa quarta-feira (3) em Brasília o 4º Seminário Nacional do Pronera, cujo tema é Reforma Agrária e Educação no Campo. Os trabalhos terminam amanhã (5) e estão sendo realizados no Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados.

Agora de manhã, haverá debate sobre o tema As contribuições do Pronera para as Instituições de Ensino e para as Políticas Públicas de Educação no Campo. Participam do seminário educadores e representantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Coordenação Estadual de Trabalhadores Assentados e Acampados (Ceta), o Movimento Terra Livre, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Agência Brasil

terça-feira, 27 de julho de 2010

Programa dá início à formação de professor sem licenciatura

Com a adesão de 32 instituições públicas de ensino superior, o Procampo, programa do Ministério da Educação para a qualificação de professores sem licenciatura que trabalham em escolas rurais, iniciou a formação de profissionais em 13 unidades da Federação. As instituições oferecerão cursos de graduação a cerca de 35 mil educadores em atividade na área rural. Em 15 delas, a formação atende 1.363 educadores. Até o fim do ano, as 32 instituições terão matriculado 3.178 professores.

Segundo o diretor de educação para a diversidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC, Armênio Schmidt, o Procampo tem como prioridade o atendimento a professores das redes públicas estaduais e municipais em atividade, mas sem licenciatura; jovens que vivem na área rural que desejam seguir o magistério e educadores dos movimentos sociais do campo.

O curso tem a carga horária e o tempo de duração de uma licenciatura, mas é diferente no formato para atender professores que precisam estudar e trabalhar. De acordo com Schmidt, é oferecido em regime de alternância — aulas presenciais intensivas (tempo-escola) nas férias escolares ou em períodos determinados pelas universidades, combinadas com etapas no local em que o professor leciona (tempo-comunidade). Na comunidade, ele pesquisa, estuda e aplica o que aprende.

A licenciatura é multidisciplinar, com a abordagem de quatro áreas: linguagens e códigos (para lecionar português, literatura e artes); ciências da natureza e matemática (matemática, química, física e biologia); ciências humanas e sociais (filosofia, sociologia, história e geografia); e ciências agrárias.

Política pública — A oferta de cursos de licenciatura específicos para a qualificação dos professores do campo começou em 2006, com um projeto-piloto desenvolvido pelas universidades federais de Minas Gerais (UFMG), da Bahia (UFBA) e de Sergipe (UFS) e da Universidade de Brasília (UnB). Hoje, o Procampo tem a adesão de 32 instituições.

Este ano, segundo Schmidt, o programa vai se tornar política pública, com oferta de cursos de licenciatura regulares pelas universidades — até 2009, essa oferta era definida por edital. O MEC vai desenvolver o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) Diversidade, que abrangerá a formação de professores das áreas rural e indígena. O Pibid Diversidade será administrado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O diretor da Secad salienta que o novo modelo permitirá às instituições de educação superior organizar a oferta anual de cursos sem depender de editais. Elas poderão também garantir recursos para os quatro anos de cada licenciatura. Schmidt observa ainda que os educadores, com vagas anuais de ingresso, ganharão a oportunidade de fazer cursos de formação e que o MEC terá a possibilidade concreta de aumentar o número de cursos e de vagas, além de reunir cerca de 35 mil professores com licenciatura e diploma de nível superior obtidos em cursos de qualidade.

Ionice Lorenzoni


Confira as instituições que iniciaram a formação de professores


Fonte:
www.mec.gov.br


quarta-feira, 16 de junho de 2010

ELEIÇÃO DO CONSELHO DO FUNDEB EM GRAVATÁ

ÉTICA DOS EDUCADORES POSTA À PROVA

Segunda-feira (21) acontece em Gravatá a eleição do Conselho Municipal do FUNDEB, órgão responsável por fiscalizar os recursos federais destinados ao desenvolvimento da educação básica no município.
Todos os funcionários da educação receberão o dia de folga para que possam comparecer e participar da escolha de seus representantes junto ao conselho. Da sociedade civil participam os pais de alunos.
Os demais representantes são escolhidos entre os servidores públicos municipais, que normalmente apresenta nomes de professores, além de representante do poder executivo, legislativo, agremiações e diretores de escolas.
Até o dado momento, em Gravatá o FUNDEB tem sido presidido por cargos de confiança do poder executivo. Há quem ache que "é o mesmo que dar o galinheiro para a raposa vigiar!" - como canta Vanessa Da Mata.
Polêmicas à parte, este ano a categoria antecipou sua articulação e, na tarde de hoje, após realização de Assembleia, optaram por indicar dois nomes dentre os professores municipais à concorrerem na segunda-feira a vaga no conselho. Foram indicadas as professoras JANAÍNA ANDRADE e JAMILY SABINO, ambas, professoras do Ensino Fundamental II, participantes ativas dos movimentos sindicais e atuantes em todas as Assembleias realizadas pela categoria no municipio.
A eleição tem inicio as 8h, no salão 3 s, e creio eu, não ser necessário ressaltar a importância da participação de todos, especialmente, de forma honrada e consciente.
Está dado o recado! Vamos esperar pra ver ( e poder falar!)

sábado, 29 de maio de 2010

A violência e impunidade no campo


O texto abaixo foi escrito em 2005, mas o assunto nunca esteve tão atual e o problema tão latente. Hoje, cinco anos após a elaboração deste texto, a violência ganha proporções impensadas, expondo a fragilidade e falta de segurança do homem do campo.

Hoje, em uma aula ministrada na Universidade Estadual Vale do Acaraú, na turma do IV Período, com a disciplina Educação no Campo, tomamos conhecimento acerca de diversos assaltos, praticados com requinte de crueldade, na área rural onde algumas colegas nossas residem e trabalham. Uma aluna grávida teve uma arma apontada para a cabeça quarta-feira passada, quando se dirigia à escola onde trabalha. Presenciou um assalto que acontecia durante sua passagem, onde um agricultir foi fortemente espancado pelos bandidos. Até agora, não houve prisões nem noticias dos suspeitos, que continuam agindo livremente na estrada que vai para São Severino, um municipio de Gravatá.



INTRODUÇÃO


A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – CONTAG, é uma entidade sindical nacional que, junto com 27 Federações Estaduais e mais de 3.700 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de todo o país, formam o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR. Na base de representação da CONTAG, encontram-se mais de 25 milhões de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra, agricultores familiares, meeiros, parceiros, arrendatários e assalariados rurais. O MSTTR, ao longo de sua história, vem atuando na construção de políticas e ações amplas, que visam atender às especificidades demandadas por homens, mulheres, idosos, jovens e crianças de todas as raças, credos e opção política, que vivem e trabalham no meio rural.

A luta pela reforma agrária, pela garantia dos direitos humanos e contra a violência e impunidade no campo, está presente no dia-a dia do MSTTR. Portanto, é muito importante a proposta da UITA de construir esta Campanha, buscando o envolvimento e a solidariedade internacionais contra a grave situação de violência a que estão expostos os trabalhadores e trabalhadoras rurais brasileiros e aqueles que os apóiam.

É fundamental somar os esforços das entidades internacionais às lutas cotidianas que os

trabalhadores e trabalhadoras rurais desenvolvem em todo o Brasil. É importante, também, que esta campanha se some à Campanha internacional e nacional “Reforma agrária: sustentabilidade ambiental e direitos humanos” que está sendo desenvolvida pelo Fórum pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne várias entidades e organizações, inclusive a CONTAG. Neste trabalho, procuramos demonstrar as raízes e as características da violência promovida contra trabalhadores e trabalhadoras rurais brasileiros e suas lideranças, visando subsidiar as discussões com as afiliadas à UITA e demais parceiros, buscando ampliar os apoios e solidariedade à luta pela terra no Brasil e pelo combate à violência e impunidade no campo.


1. AS PRINCIPAIS RAZÕES DA VIOLÊNCIA NO CAMPO


a) A concentração da terra


A violência no campo no Brasil está diretamente vinculada à concentração da terra e do poder. A concentração fundiária no Brasil é uma das maiores do mundo. Menos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares e controlam 50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários detém 46% de todas as terras. Segundo dados do INCRA, existem cerca de 100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil. Ao mesmo tempo, mais de quatro milhões e meio de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais não possuem terra e vivem num estado de pobreza extrema.

A concentração de terra está diretamente relacionada como a concentração do poder. Os poucos donos das terras, que sempre receberam privilégios e exerceram influência sobre as instâncias do Estado brasileiro, além de se sentirem donos da natureza e com isso explorá-la até à exaustão, também se comportam como se fossem donos das pessoas, especialmente as mais pobres. Em nome de seus interesses pessoais, financeiros e políticos, os latifundiários exploram, escravizam, ameaçam, torturam e matam aqueles e aquelas que ousam lutar contra seus privilégios.

A concentração fundiária brasileira, que tem sua origem na colonização feita pelos Portugueses, foi sendo aprimorada ao longo dos séculos, apoiada pelas políticas governamentais que sempre privilegiaram o latifúndio em detrimento da realização da reforma agrária ou da agricultura familiar. Atualmente, o modelo agrícola embasado no agronegócio monocultor e voltado para a exportação, se expande rapidamente. Fazendeiros, madeireiros, grandes plantadores da soja, de algodão, cana de açúcar, etc., em nome da modernidade e da produtividade, avançam sobre terras públicas, áreas indígenas, áreas ocupados por populações tradicionais e posseiros, ribeirinhos e outros. No afã de ampliar suas terras, acirram os conflitos no campo e produzem a violência das mais variadas formas como a super exploração no trabalho e o trabalho escravo, a grilagem das terras, os crimes ambientais, os espancamentos, seqüestros, ameaças e os assassinatos.


b) A impunidade


A outra grande razão para a violência no campo no Brasil é, sem dúvida a impunidade. A impunidade é uma importante cúmplice da violência e traz para a cena, além da não penalização dos responsáveis pelos crimes, uma situação de atemorização da população e de impotência das autoridades.

Para se ter uma idéia da gravidade da situação de impunidade no campo, basta que se analise os dados registrados pela CPT - Comissão Pastoral da Terra, constatando que durante os últimos 20 anos foram assassinados mais de 1.385 trabalhadores rurais, lideranças e ativistas ligados aos movimentos sociais de luta pela terra e pela reforma agrária no Brasil. Destes casos, somente 77 foram julgados, com a condenação de apenas 15 mandantes e 65 executores. 523 destes assassinatos aconteceram no estado do Pará e lá, apenas 10 casos foram a julgamento, com a condenação de 5 mandantes e 8 executores. Mesmo assim, todos os executores condenados fugiram da cadeia. Três fazendeiros, condenados como mandantes de assassinatos de sindicalistas estão em liberdade, pois um cumpre sua pena em prisão domiciliar e os outros dois aguardam julgamento de recursos em liberdade há dois anos, devido à parcialidade e morosidade da Justiça.

O massacre de Eldorado de Carajás, (onde 17 trabalhadores sem terra foram assassinados pela polícia), é um exemplo de como a Justiça age no tratamento dos crimes contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Dos 154 acusados levados ao banco dos réus, apenas dois comandantes da tropa foram condenados.

Outro caso emblemático da impunidade é o do assassinato de Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, no Estado do Paraíba. Ela foi assassinada por defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras das plantações de cana de açúcar da região. Após mais de 20 anos, com o julgamento adiado por 06 vezes, o tribunal absolveu o fazendeiro Zito Buarque, acusado pelo assassinato.

Ainda como reflexo da situação de impunidade, existem atualmente 145 pessoas ameaçadas de morte, segundo dados parciais da CPT. São trabalhadores rurais sem terra, acampados, assentados e agricultores familiares, dirigentes sindicais, funcionários públicos, agentes pastorais, religiosos, índios, quilombolas entre outros. No estado do Pará, há uma “Lista dos marcados para morrer”, onde constam nomes de dirigentes sindicais, políticos e lideranças locais, em uma lista elaborada pelos fazendeiros da região para serem eliminados pelos jagunços. O mais triste é que, apesar das inúmeras denúncias feitas às autoridades municipais, estaduais e federais, as ameaças estão sendo cumpridas e a lista, só não diminui porque no lugar dos assassinados, novas vítimas em potencial são incluídas na relação, sem que os culpados sejam punidos pelos seus crimes.


2. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA VIOLÊNCIA NO CAMPO


a) É seletiva


Apesar da violência dos latifundiários vitimar qualquer um que se oponha a seus interesses, ela atinge, principalmente, às pessoas que tenham poder de influência e de formação de opinião sobre as comunidades. Por isso, dizemos que ela é seletiva, pois suas principais vítimas são os dirigentes sindicais, lideranças sociais, agentes pastorais e comunitários, religiosos, parlamentares, advogados, etc.

É importante destacar que a organização para os crimes envolve uma tabela de preços para as vítimas. Quanto mais influente for a liderança a ser eliminada, mais alto é o valor a ser pago pelo seu assassinato, mesmo que estes sejam irrisórios.


b) É Institucional


Uma outra característica da violência no campo é a sua institucionalidade. Quase sempre, as ações de repressão às lutas que geram as agressões e desrespeito aos direitos humanos são apoiadas pelos organismos do Estado, em especial as polícias. A interpretação das leis e as determinações do poder judiciário, colocando o direito à propriedade acima do direito à vida e à sobrevivência, na maioria das vezes, corrobora e sustenta as ações dos demais poderes, que não exitam em colocar o aparato público a favor dos latifundiários e contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Para exemplificar, registra-se que nos anos de 2003 e 2004, mais de 70 mil famílias sem terra foram vítimas de despejos, ordenados pelo Poder Judiciário e executados violentamente pela polícia militar.


c) É organizada


Apesar da ocorrência de fatos isolados, a violência no campo está ligada às organizações formais ou informais dos latifundiários. São criados consórcios, associações, união de ruralistas, etc., como formas de se estabelecer “redes” de financiamento para os assassinatos e de proteção para as propriedades rurais contra a ação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, especialmente os sem terra. Estas organizações se valem da contratação e manutenção de milícias privadas e de advogados e promovem a compra de armas, dentre outras ações ilegais. É comum, também, a criação e “empresas de seguranças”, que na verdade são empresas de fachada para dar um caráter de legalidade à contratação de pistoleiros para as fazendas.


3. A VIOLÊNCIA NO ESTADO DO PARÁ


O Estado do Pará tem sido reconhecido nacional e internacionalmente como uma das regiões de maiores índices de violação dos direitos humanos do País. Na origem desse processo está a conflituosa ocupação da terra, especialmente das regiões sul e sudeste daquele estado. A ocupação da região Amazônica foi inicialmente impulsionada pelas políticas dos governos militares, que estimularam a exploração de suas riquezas minerais e naturais pelos grandes grupos econômicos e pecuaristas do sul e sudeste do Brasil. Para incentivar este processo, o governo projetou a expansão da fronteira agrícola através das licitações de grandes áreas públicas, com a formação de grandes fazendas financiadas com recursos do Estado. Além destes projetos incentivou, implementou e financiou várias outras ações estratégicas para a ocupação da Amazônia, a exemplo da rodovia Transamazônica, da hidrelétrica de Tucuruí e do Projeto Ferro Carajás.

O outro lado da ocupação da região Amazônica se deu pela migração de um contingente de trabalhadores sem terra, incentivados por uma ampla campanha nacional que prometia terra para morada e produção. Com isso, uma considerável população pobre migrou para a região. Entretanto, se depararam com a concentração de terras pelos grandes grupos econômicos e pecuaristas, com a falta de infra–estrutura e de atendimento básico, desemprego, malária e muitas outras mazelas. Como alternativas de sobrevivência e de produção esta população partiu para a ocupação de terras públicas ou de latifúndios improdutivos ou para os garimpos. Muitos ainda foram levados para o interior das grandes fazendas onde foram submetidos ao trabalho escravo.

Atualmente, o agronegócio, especialmente movido pela produção de soja e pecuária de corte e pela a valorização dos preços das terras, tem avançado rapidamente sobre a região, considerada a maior fronteira de ocupação agropecuária e extrativista do país.Com a tradicional grilagem de terras públicas, ocupam territórios inteiros, independentemente de estarem ocupadas por posseiros, índios, ribeirinhos ou outros. Promovem a extração ilegal da madeira e transformam estas áreas em lavouras ou pastagens, com enormes custos ambientais e o acirramento da violência contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Neste contexto, a disputa pela posse das terras e pelos modelos de desenvolvimento a serem implementados e consolidados na região, fez com que, no início de 2005, ocorresse um agravamento da violência no campo. Assim, no dia 12 de fevereiro de 2005, a Irmã Dorothy Stang, agente da CPT que trabalhava há 30 anos na região foi brutalmente assassinada. A partir de então, evidenciou-se a situação de violência na região e especialmente no município de Anapú, que está localizado na região centro do Estado do Pará, próximo à chamado “Terra do Meio”, onde 90% do território é considerado de terras devolutas, pertencentes à União ou ao Estado do Pará.

Irmã Dorothy já havia sofrido várias ameaças de morte e feito várias denúncias às autoridades locais e junto ao Governo Federal sobre os conflitos e o crime organizado dos latifundiários e grileiros da região e sobre o envolvimento de autoridades locais e regionais e das Polícias Civil e Militar do Governo Estadual. O crime foi executado por dois pistoleiros, a mando de fazendeiros contrários à implantação dos PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável, que a missionária ajudava a implementar na região.

Três dias depois, em 15 de fevereiro de 2005, no município de Parauapebas, mais um assassinato motivado por conflitos agrários foi denunciado. Daniel Soares de Souza, militante sindical e presidente da Associação do Projeto de Assentamento Carlos Fonseca, foi morto com seis tiros a queima roupa em uma emboscada, aumentando os números da violência no campo brasileiro. Estes dois fatos registrados em menos de uma semana revelam a constância dos assassinatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e lideranças no estado do Pará. Entretanto, muitos casos não são, sequer, registrados. Apenas os casos mais evidentes e emblemáticos recebem repercussão nacional e internacional e ajudam a desnudar a realidade local e forçam as autoridades a tomarem providências, a exemplo do assassinato da Irmã Dorothy.


AS AÇÕES DESENCADEADAS NA REGIÃO


O caso do assassinato da missionária Dorothy foi um dos casos com grande repercussão na mídia e que gerou fortes pressões nacionais e internacionais. Exigiu do governo o anuncio de uma série de medidas e um forte investimento para que acontecessem as prisões dos acusados. O governo enviou para a região um contingente com 2.000 soldados do Exército e anunciou uma operação conjunta de órgãos federais envolvendo o Incra, Ibama, Delegacia Regional do Trabalho -DRT, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Forças Armadas.

Entre os compromisso assumidos, está o de intensificar o programa de reforma agrária, ampliando as atividades de regularização fundiária, a retomada das áreas da União ilegalmente ocupadas, o georeferenciamento do território e vistorias de áreas, inclusive com acompanhamento dos técnicos do Ibama e da DRT para verificar a existência de crime ambiental e trabalho escravo. Além disso, governo anunciou a interdição de 8,2 milhões de hectares de florestas em terras da União junto à Rodovia BR-163 (Cuiabá–Santarém), a criação de duas novas áreas de preservação ambiental e de três novas Unidades de Conservação em frentes de expansão da fronteira agrícola.

Estas medidas, sem dúvida, são importantes, mas não podem ser ocasionais e isoladas. A solução dos problemas e da violência contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais exige ações permanentes dos Governos, pela realização da Reforma Agrária e contra a impunidade e o crime organizado. Devem envolver as instituições do Estado, as polícias, os governos estaduais e o judiciário contra todos aqueles que insistem em desafiar e enfrentar as leis, o Estado de direito e as autoridades constituídas.


CONCLUSÃO


A principal exigência para se conter a violência e a violação aos direitos humanos no campo é a realização de uma Reforma Agrária ampla e massiva. Esta política precisa ser, efetivamente, uma ação prioritária do governo, garantindo recursos humanos e financeiros e qualificando a legislação e os instrumentos administrativos para assegurar a agilidade e eficiência das ações. Só com a democratização da terra será possível democratizar o poder e por um fim à truculência, intolerância e ganância dos latifundiários que colocam o direito à terra acima do direito à vida e à cidadania.

É preciso que, de imediato, sejam tomadas medidas efetivas como a conclusão dos processos de desapropriação, o impedimento dos despejos ilegais e arbitrários, a retomada das terras públicas invadidas por grileiros destinando-as aos projetos de assentamento, a ampliação dos recursos para a erradicação do trabalho escravo e a manutenção do Cadastro de Empregadores, conhecido como “Lista Suja”, além da suspensão dos planos irregulares de manejo florestal. Também é indispensável que o Congresso Nacional cumpra o artigo 51 das Disposições Constitucionais Transitórias determinando a revisão das doações, vendas e concessões de terras públicas no país e que coloque em pauta para aprovação imediata a proposta de Emenda Constitucional que confisca as terras onde se explora o trabalho escravo.

É urgente, também, que o poder judiciário priorize o julgamento dos crimes contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais e de outras lideranças no campo.Para por um fim à impunidade é fundamental concluir com rapidez os inquéritos de todos os casos pendentes, levar a julgamento e manter presos todos os culpados pelas atrocidades cometidas contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o Brasil.


Secretaria de Reforma Agrária e Meio Ambiente da CONTAG

27 de abril de 2005





Fonte:

http://www.rel-uita.org/internacional/ddhh/contag-violencia-campo.htm

terça-feira, 27 de abril de 2010

Compartilhando

Pesquisa relaciona perfil do agricultor e devastação ambiental


A tese de doutorado em Economia “Práticas agrícolas e devastação ambiental no meio rural do Nordeste”, de Gisléia Benini Duarte, concluiu que o perfil do agricultor – o gênero, a escolaridade, a idade e a experiência do chefe da família – interferem na utilização de práticas agrícolas sustentáveis, como o controle da erosão do solo.
De acordo com as práticas adotadas pelo produtor rural, utilizando-se do modo de regressão beta, construiu-se um índice que varia de 0 a 1. Quanto maior o índice, maior a preocupação com o meio ambiente. Dessa forma, por exemplo, “se o agricultor usa agrotóxico, o peso do índice vai diminuir; se ele faz queimada, o índice dele vai ficar menor”, explica Gisléia.
Em relação ao gênero do chefe de família, constatou-se que os homens têm maior chance de utilizar técnicas mais degradantes do ponto de vista ambiental, enquanto as mulheres têm maior preocupação com técnicas sustentáveis. Além disso, quanto maior o tamanho da propriedade e a área construída, maior também o uso de tecnologias para conservação e fertilidade do solo. A decisão, em geral, é movida pela procura de melhoria no bem-estar da família, mas está sujeita à limitação dos recursos naturais e financeiros.
ESCOLARIDADE - A escolaridade é outro fator de impacto positivo na adoção de medidas sustentáveis – tanto do chefe da família como do cônjuge. Quanto maior o tempo de estudo desses dois membros da família, maior o cuidado com o meio ambiente. Segundo Gisléia Benini, a educação dos filhos também é muito importante, pois os pais costumam escutar o que os filhos trazem da escola.
Outro aspecto de destaque é o acesso à assistência técnica: aqueles agricultores que têm acesso a essas informações tendem a preservar o meio ambiente. Daí a necessidade, portanto, de programas públicos ou particulares de assessoramento ao produtor rural.
A tese teve como base uma pesquise da UFPE e UFRPE com parceria do Projeto Dom Hélder Câmara em 2005, envolvendo 838 famílias rurais dos estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe. A renda média dessas famílias era R$713,00, sendo a maior parte proveniente da própria produção.
Segundo o PNAD (2007), o Nordeste concentra 47,2% da população rural do Brasil, o que representam 18 milhões de pessoas. A caatinga é um dos biomas mais prejudicados do país: a desertificação aumentou de 900 km², em 2003, para 1,3 mil km², em 2007. Com base na pesquisa, portanto, é possível elaborar melhores políticas públicas para preservar o solo e a vegetação da área, como a conscientização dos produtores rurais.
A tese foi defendida em Gisléia Duarte em 2009. O trabalho foi orientado pelo professor Yony de Sá Barreto Sampaio. Gisléia é atualmente professora da UFRPE e autora também de pesquisas sobre aspectos do Bolsa-família, como o gasto com alimentos e a freqüência escolar.

Mais informações

Gisléia Benini Duarte
gisleiaduarte@gmail.com

segunda-feira, 26 de abril de 2010

NOTÍCIAS DA ÁREA RURAL DE GRAVATÁ

Hora de Plantar – Homem do campo beneficiado com programa de aragem de terras

Mais produtividade e desenvolvimento para o homem do campo. Com esse intuito a Prefeitura de Gravatá deu início ao Programa Hora de Plantar que consiste na aragem de terras da região agreste da cidade sem custo algum para o agricultor. São mais de 300 horas de aragem de terra beneficiando mais de cem famílias de diversas comunidades como: Avencas de Cima, Avencas de Baixo, Várzea Grande, Lagoa do Costa, Sítio Nicácio e outras localidades.

O programa Hora de Plantar existe desde 2009 e já contemplou centenas de famílias em toda a região. Na manhã desta segunda-feira (26/04) o trator contratado pela prefeitura esteve no sítio Cotunguba arando as terras de Inácio Leôncio. Em duas horas de trabalho o trator arou cerca de dois hectares, nos quais em breve serão plantados milho e feijão, “Esse programa da prefeitura é uma ação muito boa que está me ajudando bastante. Se eu fosse pagar teria que desembolsar mais cem reais só para o trator. Com o Hora de Plantar, posso investir meu dinheiro em outra coisa aqui nas terras”, disse o agricultor Inácio Leôncio.

O secretário do meio ambiente Aarão Lins, acompanhou de perto o trabalho realizado no sítio Cotunguba, segundo ele, este é um dos programas de maior benefício para o homem do campo, “Só quem trabalha no campo sabe a importância da aragem de terra para a plantação. Esse programa serve para incentivar e contribuir com o agricultor que muitas vezes gasta muito dinheiro pagando horas de trator, com esse programa os gastos são bem menores, já que ele não vai precisar pagar a aragem da terra”, disse o secretário. Vale ressaltar que o programa vai contemplar outras comunidades da região agreste de Gravatá: Tarrafas, Breu, Lagoa do Costa, Paulínea entre outras.

DIA NACIONAL DA CAATINGA - 28 DE ABRIL

O secretário municipal de Meio Ambiente de Gravatá, Aarão Lins,foi convidado para palestrar sobre o bioma caatinga do município na próxima quarta(28)no evento estadual de comemoração do "Dia da Caatinga), promovido pelo Comitê Estadual da Caatinga - CERBCAA/PE no Auditório do Espaço Ciência, Complexo de Salgadinho a partir das 8h. O tema central deste ano será "Mudanças Climáticas e Bioma Caatinga".

o evento é aberto a participação de todos com inscrições gratuitas e certificado para os participantes. Mais informações e programação através do endereço: suporte@plantasdonordeste.org ou no Blog da Caatinga: http://www.comitecaatingape.blogspot.com/
A realização do evento é do Comitê da Caatinga, com apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) e Associação Plantas do Nordeste (APNE), e patrocínio do Banco do Nordeste.


________________________

Fonte:

Site da Prefeitura Municipal de Gravatá

www.prefeituradegravata.com.br

sábado, 24 de abril de 2010

MERENDA ESCOLAR VINDA DO CAMPO

Produtores rurais debatem como fornecer alimentos às escolas


São Paulo – Frutas, verduras e legumes sempre frescos no cardápio das escolas públicas. Para garantir esse simples e saudável objetivo, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), está promovendo seminário sobre aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para a alimentação escolar.

O evento começou nesta quarta-feira, 14, e segue até a quinta, 15, na capital paulista. Reúne produtores rurais e gestores municipais de educação de 39 cidades da região metropolitana de São Paulo, com o objetivo de debater as melhores práticas para o fornecimento de produtos da agricultura familiar para a merenda escolar.

Estratégia - “Esse encontro é uma ótima oportunidade para ampliarmos nossos horizontes”, afirma Valdemar Morabito, presidente da Cooperativa Agropecuária Mista dos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo. Com seis anos de existência, a cooperativa do pequeno município de Mirandópolis tem 240 associados e uma estratégia ousada.

“Em nossa cidade, já fornecemos 100% das necessidades de legumes e frutas das oito escolas da rede, mas, sem dúvida, estamos de olho no mercado das outras prefeituras da região metropolitana do estado”, diz Morabito.

Mais cauteloso, o gerente administrativo da Cooperativa de Agricultura Filadélfia, Wagner Queiroz, reconhece na iniciativa uma boa oportunidade de escoamento da produção, mas prefere estudar melhor as perspectivas que se abrem. “Viemos conhecer o programa de alimentação escolar e nos preparar para oferecer produtos de qualidade aos alunos de Iperó e região a partir do ano que vem”, afirma.

Cadastro - Entre as diversas atividades, os representantes de associações e cooperativas de produtores agrícolas preencheram um cadastro disponível no portal do MDA na internet. A partir das informações constantes do cadastro, os gestores responsáveis pela compra da merenda nos municípios poderão ter uma ferramenta em tempo real para pesquisar, por exemplo, os produtos oferecidos e a abrangência de distribuição de cada fornecedor.

Por força da Lei 11.947/2009, a partir deste ano pelo menos R$ 600 milhões – que representam 30% dos recursos repassados pelo FNDE para a alimentação escolar em todo o país – terão de ser aplicados na compra de alimentos de agricultores familiares. Um dos objetivos da medida foi fortalecer as economias locais.

Assessoria de Comunicação Social do FNDE

Fonte:
www.mec.gov.br

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